Sunday, November 04, 2018

O NÚCLEO DE ARTE CONTEMPORÂNEA E O TEATRO UNIVERSITÁRIO

A majestade do casarão do Núcleo de  Arte Contemporânea(NAC), um prédio histórico tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional(IPHAN), foi a porta de entrada para a VI Semana de Teatro Universitário, realizada de 29 de outubro a 1 de novembro de 2018, numa promoção dos alunos da Licenciatura e Bacharelado em Teatro e do Núcleo de teatro Universitário(NTU) da Universidade Federal da Paraíba(UFPB)  com o apoio do NAC. As apresentações da VI Semana de Teatro Universitário ocorreram no Teatro Lima Penante do NTU e no casarão do NAC.

VI Semana de Teatro Universitário em homenagem a atriz Raquel Ferreira.

 O NAC foi criado em 1978. É um lugar que tem em sua história páginas memoráveis da arte  brasileira tendo sido  uma das primeiras luzes da abertura política em direção a democracia e um porto seguro de grandes artistas e movimentos culturais, que atualmente retorna sob a administração de Valdir Santos com o apoio da Pro-reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários da UFPB. O prédio está sendo revitalizado para tornar-se novamente o ponto de luz das artes paraibanas. Como espaço aberto, tem sido um lugar amplo para todas as experimentações e abrigado todos os segmentos artísticos que por lá buscam amparo.

A VI Semana de Teatro Universitário iniciou no dia 29 de outubro, às 18 horas, reverenciando a linguagem da performance no auditório e também cinema do NAC. Foi apresentado para um publico estimado de 80 pessoas a performance O CORPO-ESPETÁCULO com os performers Phil Menezes e Naiara Cavalvanti, abordando a morte de Gays e como a sociedade brasileira, hipocritamente,  convive com esta barbárie.


Corpo_espetáculo(foto Fabiola Ataide)


No  mesmo dia, e mesmo local, apresentou-se o  espetáculo teatral na fronteira do happening, O SURTO, para um publico estimado de 100 pessoas que se espremeu entre as paredes. Este espetáculo inspirado na obra da dramaturga inglesa Sara kane, teve a direção de Hugo Lucena e participação das atrizes Ayme Vasconcelos, Lívya Meneses, Mika Costa e Mylla Maggi. A discussão sobre a angustia humana e como a beleza da vida pode se esvair dentre as contradições e dificuldades de inclusão, a aflição de conviver com uma sociedade repleta de cinismo e violência.

No dia 30 de outubro, O NAC fiel à sua luz vanguardista recebeu a performance PARALELO, que celebrou a fronteira das artes visuais com o teatro, a dança e o cinema, com roteiro e direção de Felipe Belo e performance de Melqui, para um publico estimado de 100 pessoas. Foi um momento interessante costurar estas fronteiras  no Núcleo de  Arte Contemporânea, pois era algo que estava num lugar além da relação palco e platéia. Ali, o performer interagiu com uma projeção que amplificava o seu corpo, enquanto uma trilha sonora com discursos homofóbicos sobre a condição LGBT fazia um contraponto com a personagem, que buscava resistir àquela violência simbólica e real a qual era submetido.

Paralelo (foto Fabiola Ataide)


No dia 31 de outubro, no salão principal de  entrada do NAC, foi realizado a performance QUEM TEM MEDO DO ESCURO,com texto e direção de Luna Alexandre, operação de som de  Allys Gardenia e performance de Manu Lima e Luna alexandre. A performance evocou os rituais  da festa do halloween, para um público de cerca de 100 espectadores, oportunamente no dia em que se comemora esta data, que apesar de ser  uma festa norte-americana, foi adotada pelos brasileiros. A performance tratou de questionar o medo das pessoas de se encontrarem com as suas verdade pessoais e a necessidade de enfrentar as dificuldades da vida e os períodos difíceis, que podem ser vencidos se a pessoa tiver auto-estima e confiança nos seus companheiros de jornada, que a escuridão não mete medo em quem segura a mão de alguém.

Quem tem medo do escuro(foto Eva)


No dia 1 de novembro aconteceu a performance MODELE EM MIM O SEU VOCÊ,dirigido pela atriz e artista plástica Raissa Medeiros com os performers Miguel Segundo e Ricelly Sousa, que dentro de um quadrado plástico, vão tendo os seus corpos pintados pela platéia de aproximadamente 60 pessoas que os rodeavam. Segundo Raissa, “esse trabalho buscou falar sobre as relações humanas e suas afetações discutir sobre essa relação. Considero que somos massa de modelar e que cada interação que temos uns com os outros modifica essa massa modelar que somos, graça a essas relações cotidianas que adquirimos hábitos, costumes, gestos, pensamento e ideias, as relações, para mim, é uma grande fonte de inspiração”.

Modele em mim o seu você (foto Eva)


Encerrando a noite do dia 1 de novembro e a VI Semana de Teatro Universitário apresentou-se o espetáculo performático BREGAÇO, POEMA A 8 MÃOS PARA UM DESGRAÇADO, do Grupo de Teatro Perfil,com Felipe Espindola, Luna Alexandre, Marcelo de Sousa e Ranier Santos, para um público aproximado de 100 pessoas, que delirou com a cultura musical brega. 

Bregaço(foto Eva)


 Assim a  nau artística do NAC abriu as suas velas para a conquista de outras fronteiras das artes que hoje cada vez mais se interpenetram. Foi simbólico ter a retomada da Semana de Teatro Universitário junto com um baluarte da arte contemporânea. 


REFERÊNCIAS SOBRE O NAC

NÚCLEO de Arte Contemporânea. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em:
. Acesso em: 04 de Nov. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

JORDÃO, Fabricia Cabral de Lira. O núcleo de arte contemporânea da Universidade Federal da Paraíba 1978/1985. 2012. Dissertação (Mestrado em Teoria, Ensino e Aprendizagem) - Escola de Comunicações e Artes, University of São Paulo, São Paulo, 2012. doi:10.11606/D.27.2012.tde-01032013-113125. Acesso em: 2018-11-04

No comments: