O
Departamento de Artes Cênicas da UFPB viveu de 25 de novembro a 4 de
dezembro de 2015 um evento memorável: a IV Mostra Universitária
Artes em Cena. Carecia a nossa universidade de espaços como este que
foi criado por um grupo de professoras da Licenciatura em Dança da
UFPB.
Esta
Mostra foi algo que construiu uma ponte entre a universidade, a
escola, e a comunidade, não se limitando apenas a oferecer uma
programação de espetáculos, indo além, e promovendo ações
formativas com oficinas, minicursos e sessão de debate. Esta Mostra
promoveu sobre as espaços para teorizar a prática artística. Foi
além do que se podia esperar numa situação de parcos recursos
financeiros e materiais contando sobretudo com a paixão pela arte,
pelo ensino e pela formação de plateias. A mostra também incluiu
uma mostra de curtas e videodanças.
Este
ano em sua quarta versão fomentando ações culturais mostrou a sua
capacidade de conquistar espaços na agenda cultural da cidade de
João Pessoa. Não temos receio de afirmar que este foi um
acontecimento que pela sua força, nos fez relembrar de outros
grandes momentos que houve na cidade de João Pessoa e que se foram
embora nas picuinhas politicas dos governantes, tais como: O Festival
Nacional de Arte(FENARTE), e a Mostra Estadual de Teatro e Dança.
Um
aspecto interessante foi a ocupação de espaços, uma vez que
vergonhosamente o Centro de Comunicação Turismo e Artes(CCTA) não
possui um espaço para as artes cênicas. Não possui nem mesmo
espaços decentes para as aulas, quiçá para apresentações
artísticas. Mas isto não foi nenhum fator limitante para a Mostra
Artes em Cena. Em seu programa vemos que ocupou muitos lugares: o
Centro de vivência da UFPB, que é um grande pátio coberto entre o
restaurante universitário e as lojas de conveniência e bancos;
Ocupou também o corredor do CCTA; um outro vão do CCTA; o prédio
de Artes Cênicas ainda inconcluso( quando chegará o dia em que
estará plenamente funcionando?); a sala 227, que possui um piso de
madeira improvisado para as aulas de corpo e dança; o hall do CCTA;
um espaço junto a reserva florestal próximo ao CCTA; os pátios das
escolas Castro Alves e Moema Tinoco.
É claro que se pode louvar esta versatilidade de usos do espaço
disponível, até mesmo porque a arte foi se esparramando pelo
mundo acadêmico, e como as flores do campo, não parou de florescer
diante dos obstáculos, sempre renascendo mesmo em contextos
adversos. São estas flores artísticas que encantaram um publico
ávido por arte.
Foram
apresentarados os espetáculos: Doi-doi AIDS; Bailando sobre rodas;
Improvisation and musicality; Maracaboi; Não é que; Mensagem para o
amante de meu marido; No mundo da rua; O verbo eu; Sim, por que não?;
Kali-tribal fusion; Saudade meu remédio é dançar; ligações;
Anjo caído a ditadura da beleza; Poema negro; Intimus; Cancão,
Trupizupe e Malazarte; CP service.
Os
filmes: Transformações de Paulo Vítor Luz Correia; Tocando o meu
destino de Juliano Morgado; Sobre rodas de Valter Henrique da silva;
O vendedor de coisas de Deleon Solto; Sobre viver e morrer de Helder
Oliveira e Luciana Portela; Monturo invisível de Leandro Gonçalves;
Os passos de um preceder de Ewellyn Lima; Dessa vez sozinha de
Jackson Dutra.
Houve
as oficinas: Teatro de rua; Dança holística; Teatro partindo dos
sentidos; Leitura da cena de dança e teatro; Técnicas básicas de
malabares, Capoeira, e Feedback.
Foram
muitas coisas e um grandiosidade exemplar de um evento humilde que
deu o exemplo para outras instancias da administração cultural,
seja da universidade, do município de João Pessoa e do estado da
Paraíba. Estes lugares são extremamente necessários,
principalmente, e mais agora, neste mundo destrambelhado de ódios e
fundamentalismos de todos os tipos.
O
mais incrível, é necessário que fique registrado, que
paralelamente a esta Mostra tão densa ocorria VI Jornada
Internacional de Pesquisa em Artes cênicas também promovida pelo
Departamento de Artes Cênicas da UFPB, uma encaixada na outra como
uma engrenagem perfeita. Em um dos dias do evento o público vindo
de uma das sessões de comunicação oral da Jornada, adentrou a sala
227, onde ocorreriam as apresentações de “Não é que” e de
“Mensagem para a mante de meu marido”. Quando o publico entrou na
sala as duas atrizes de “Não é que”, Luiza Oliveira e Luna
Alexandre, já estavam no palco, o tablado de madeira que serve de
piso. A plateia sentou-se numa formação frontal, quase à italiana,
publico de um lado, artistas do outro.
Foi
belo observar o respeito daquele público quase em atitude de
adoração. Aproveitando o título da performance, refleti: não é
que esta Mostra em Artes foi capaz de seduzir o coração das
pessoas, de fazê-las mergulhar na fruição do trabalho artístico e
principalmente transformar um espaço inadequado no melhor dos
lugares. Tomei aquele acontecimento como um prenúncio que um dia,
iremos ter os nossos espaços cênicos reconstruídos e respeitados
dentro da Universidade Federal da Paraíba.
É
bom também registrar a equipe que tornou possível esta Mostra. Suas
coordenadoras: Carolina Laranjeira e Juliana Polo. A colaboradora
Michele Gabrielli. Os alunos bolsistas: Jessica Lana e Sandro Régio.
Os monitores: Aelson Felinto; Alice maria; Maira rodrigues; Maycon
Nascimento; Miguel Segundo; Nina Pontes e Kelner Macedo.
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