Wednesday, December 09, 2015

IV MOSTRA UNIVERSITÁRIA ARTES EM CENA

 O Departamento de Artes Cênicas da UFPB viveu de 25 de novembro a 4 de dezembro de 2015 um evento memorável: a IV Mostra Universitária Artes em Cena. Carecia a nossa universidade de espaços como este que foi criado por um grupo de professoras da Licenciatura em Dança da UFPB.

Esta Mostra foi algo que construiu uma ponte entre a universidade, a escola, e a comunidade, não se limitando apenas a oferecer uma programação de espetáculos, indo além, e promovendo ações formativas com oficinas, minicursos e sessão de debate. Esta Mostra promoveu sobre as espaços para teorizar a prática artística. Foi além do que se podia esperar numa situação de parcos recursos financeiros e materiais contando sobretudo com a paixão pela arte, pelo ensino e pela formação de plateias. A mostra também incluiu uma mostra de curtas e videodanças.

Este ano em sua quarta versão fomentando ações culturais mostrou a sua capacidade de conquistar espaços na agenda cultural da cidade de João Pessoa. Não temos receio de afirmar que este foi um acontecimento que pela sua força, nos fez relembrar de outros grandes momentos que houve na cidade de João Pessoa e que se foram embora nas picuinhas politicas dos governantes, tais como: O Festival Nacional de Arte(FENARTE), e a Mostra Estadual de Teatro e Dança.

Um aspecto interessante foi a ocupação de espaços, uma vez que vergonhosamente o Centro de Comunicação Turismo e Artes(CCTA) não possui um espaço para as artes cênicas. Não possui nem mesmo espaços decentes para as aulas, quiçá para apresentações artísticas. Mas isto não foi nenhum fator limitante para a Mostra Artes em Cena. Em seu programa vemos que ocupou muitos lugares: o Centro de vivência da UFPB, que é um grande pátio coberto entre o restaurante universitário e as lojas de conveniência e bancos; Ocupou também o corredor do CCTA; um outro vão do CCTA; o prédio de Artes Cênicas ainda inconcluso( quando chegará o dia em que estará plenamente funcionando?); a sala 227, que possui um piso de madeira improvisado para as aulas de corpo e dança; o hall do CCTA; um espaço junto a reserva florestal próximo ao CCTA; os pátios das escolas Castro Alves e Moema Tinoco.

É claro que se pode louvar esta versatilidade de usos do espaço disponível, até mesmo porque a arte foi se esparramando pelo mundo acadêmico, e como as flores do campo, não parou de florescer diante dos obstáculos, sempre renascendo mesmo em contextos adversos. São estas flores artísticas que encantaram um publico ávido por arte.

Foram apresentarados os espetáculos: Doi-doi AIDS; Bailando sobre rodas; Improvisation and musicality; Maracaboi; Não é que; Mensagem para o amante de meu marido; No mundo da rua; O verbo eu; Sim, por que não?; Kali-tribal fusion; Saudade meu remédio é dançar; ligações; Anjo caído a ditadura da beleza; Poema negro; Intimus; Cancão, Trupizupe e Malazarte; CP service.

Os filmes: Transformações de Paulo Vítor Luz Correia; Tocando o meu destino de Juliano Morgado; Sobre rodas de Valter Henrique da silva; O vendedor de coisas de Deleon Solto; Sobre viver e morrer de Helder Oliveira e Luciana Portela; Monturo invisível de Leandro Gonçalves; Os passos de um preceder de Ewellyn Lima; Dessa vez sozinha de Jackson Dutra.

Houve as oficinas: Teatro de rua; Dança holística; Teatro partindo dos sentidos; Leitura da cena de dança e teatro; Técnicas básicas de malabares, Capoeira, e Feedback.

Foram muitas coisas e um grandiosidade exemplar de um evento humilde que deu o exemplo para outras instancias da administração cultural, seja da universidade, do município de João Pessoa e do estado da Paraíba. Estes lugares são extremamente necessários, principalmente, e mais agora, neste mundo destrambelhado de ódios e fundamentalismos de todos os tipos.

O mais incrível, é necessário que fique registrado, que paralelamente a esta Mostra tão densa ocorria VI Jornada Internacional de Pesquisa em Artes cênicas também promovida pelo Departamento de Artes Cênicas da UFPB, uma encaixada na outra como uma engrenagem perfeita. Em um dos dias do evento o público vindo de uma das sessões de comunicação oral da Jornada, adentrou a sala 227, onde ocorreriam as apresentações de “Não é que” e de “Mensagem para a mante de meu marido”. Quando o publico entrou na sala as duas atrizes de “Não é que”, Luiza Oliveira e Luna Alexandre, já estavam no palco, o tablado de madeira que serve de piso. A plateia sentou-se numa formação frontal, quase à italiana, publico de um lado, artistas do outro.

Foi belo observar o respeito daquele público quase em atitude de adoração. Aproveitando o título da performance, refleti: não é que esta Mostra em Artes foi capaz de seduzir o coração das pessoas, de fazê-las mergulhar na fruição do trabalho artístico e principalmente transformar um espaço inadequado no melhor dos lugares. Tomei aquele acontecimento como um prenúncio que um dia, iremos ter os nossos espaços cênicos reconstruídos e respeitados dentro da Universidade Federal da Paraíba.


É bom também registrar a equipe que tornou possível esta Mostra. Suas coordenadoras: Carolina Laranjeira e Juliana Polo. A colaboradora Michele Gabrielli. Os alunos bolsistas: Jessica Lana e Sandro Régio. Os monitores: Aelson Felinto; Alice maria; Maira rodrigues; Maycon Nascimento; Miguel Segundo; Nina Pontes e Kelner Macedo.

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