Os aniversários são efemérides que nos enchem de
fantasia e nos remetem aos sabores e maravilhas que a vida tem. É apenas mais uma volta ao redor do sol, mas
que termina sendo um grande momento, e como sabemos, a melhor coisa que existe
entre os que participam deste jogo é conseguir dar mais uma volta.
Aceitando a ideia de que o mundo é um palco, estamos
a cada uma destas circuladas nos atualizando em nossos papeis. Assim é que os
atores tem a missão ou dádiva de viverem sempre mais voltas que todos os outros
seres humanos, pois que vivem as suas voltas em muitas vidas. Dizem os atores a
si mesmos que tem o privilegio de poderem exercer o seu oficio em todas as suas
idades; o que coloca o ator numa criatura que tem o beneplácito da eternidade
de sua função, pois que nunca verdadeiramente se aposenta. Quando mais jovem
interpreta os grandes papéis, quando é velho interpreta os grandes papeis, pois
a alma continua plena de vida em todas as suas máscaras.
Assim, é que
começo a tecer a minha homenagem a esta figura que é um símbolo da arte
teatral, não somente da Paraíba ou do Brasil, pois atores e atrizes têm por
natureza uma dupla nacionalidade, são ao mesmo tempo de sua terra natalícia e
também são cidadãos do mundo.
Quero desejar feliz aniversário ao ator, diretor
teatral, dramaturgo e professor aposentado da Universidade Federal da Paraíba,
Fernando Teixeira. E dizer que ao vermos este homem no palco a nossa vida se
ilumina de desejo de fazer teatro, de ver mais teatro e de encontrar-se com a
beleza da natureza humana que ele tão bem representa nos palcos e nas telas de
cinema.
Este homem de
teatro tem continuado a sua trajetória também como mestre de muitas gerações
com a sua coerência em amar o teatro, inspirando aos recém-chegados que é possível exercer este oficio plenamente, não como um
bico que surge apenas como entretenimento de final de semana, mas como uma
razão primeira para continuar existindo.
Gostaria de
externar o meu carinho por quem foi também meu professor, quando estudei a Licenciatura
Plena em Educação artística, e também das oficinas de teatro onde ele nos
apresentou ao mestre russo do treinamento de
atores Constantini Stanislavski.
Viva então
aos que podem chegar a plenitude de sua arte em todos os papeis, em todos os momentos,
vivendo longamente sobre o palco do mundo sem que se possa desejar outra coisa
a não ser aplaudi-lo mais uma vez.
Feliz aniversário ao ator que nos leva ao mais
profundo segredo da alma humana através de suas personagens, de sua entrega
quase mística ao seu oficio. É belo ver nos olhos do ator as suas mil vidas, os
heróis de mil faces que decanta a mitologia de tantos povos.
Assim é que convido todos para silenciosamente
respirarem fundo e desejarem ao ator Fernando Teixeira, parabéns por mais uma
jornada ao redor de nossa estrela, e desejar mais outra jornada como se novas
cortinas e outros cenários se de abrissem, como vão se abrir e não temos porque
temer a imensidade da alma humana em todas as suas cruéis contradições.
Vale amar os atores pelo que eles são, mais vale ir
ao teatro para estar diante, olho no olho, com as sombras e as luzes de nossa existência.
Acredito que este é um momento para celebrarmos a sua
vida como um grande momento entre nós num tempo tão cheio de amarguras e de
pessoas que destilam tanto ódio em suas palavras; celebrarmos o ator que é
capaz de mergulhar em suas almas e revelar a profundidade dos infernos e também
a grande vitória da liberdade e do bem. Aqui me remeto ao espetáculo de
Fernando Teixeira, Esparrela, em cartaz desde 2009, na qual um urubu resiste ao
seu opressor e liberta-se.
O teatro vem
nos lembrar que apesar daqueles que vivem para odiar e oprimir os mais pobres e
indefesos, sempre haverá um momento em que estes senhores cairão por terra, e
enfim o pássaro poderá alçar o seu voo.
Pelo seu teatro de metáforas tão poderosas para este
tempo em que vemos ressurgirem ao nosso lado, pessoas que se vestem de ovelhas
e revelam-se lobos fascistas, é que o teatro precisa celebrar a vida de seus atores,
pois são eles que na intimidade da
relação palco-platéia servem de antídoto para a ditadura da grande mídia
comprometida com disseminação do ódio.
Viva o
teatro, viva o seu grande mestre e artífice
Fernando Teixeira, junto com todos os que mantém viva a chama da
liberdade, do amor, da beleza, da justiça e da vida.
Neste momento também gostaria de chamar ao palco
Zezita Matos, Cida Costa, Anunciada Fernandes, Geraldo Jorge, Solha, Criselide
Barros, Celsa Monteiro, Florismá Melo, através dos quais saúdo a todos que
amaram (e continuam a amar) a arte do teatro ao longo de suas vidas.
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