Saturday, May 03, 2014

ALGUMAS SUGESTÕES DE TEXTOS DRAMÁTICOS

Nesta semana que passou um aluno do bacharelado em  teatro da UFPB me pediu  sugestões de textos para montagem do espetáculo final de  sua turma.

-  “E aí professor alguma sugestão para montagem de minha turma, estamos procurando por algo que caiba todo mundo”, ele disse.

É bonito ver a turma de teatro voltando-se para a dramaturgia, para o trabalho arqueológico de garimpar algo que esteja de acordo com aquilo que querem dizer ao mundo. O texto teatral é aquela semente fundamental de onde sai o espetáculo, mas o teatro contemporâneo encontrou muitos caminhos que ampliam o conceito de “texto dramático”.

Os alunos atores tem tido uma excelente  e cuidadosa formação. Agora se aproxima  o momento de mostrarem no palco que são capazes de serem atores para o cruel e exigente público. É o momento da verdade para os novos atores e atrizes formados pelo curso e uma grande responsabilidade para todos os que fazem o corpo docente.

Voltando à pergunta inicial, tenho algumas respostas.

Claro que se pode começar o espetáculo a partir da dramaturgia sugerida pelos seus próprios corpos, usando os caminhos da pesquisa cênica estudadas nos livros: Bailarino, pesquisador intérprete de Graziela Rodrigues;  A arte de ator de Luis Otávio Burnier;  A arte de não interpretar como poesia corpórea do ator de Renato Ferracine;  A arte secreta do ator de Eugenio Barba; Em busca de um teatro pobre de Grotowski.  Pode-se começar dos corpos dilatados para  adaptar Ulysses de James  Joyce, por exemplo, para participar do Bloomsday (16 de junho)  do ano que vem.

Ao imaginar o palco surge em minha mente O despertar da primavera de Frank Wedekind, que seria um belíssimo desafio. 

O belo texto  Bailei na curva de Julio Conte, que contou em seu processo de construção com a improvisação dos atores entre eles a professora  do curso de teatro da UFPB, Lúcia Serpa.

A lira dos vinte  anos,de Paulo Cesar Coutinho.

Deixe estar de Paulo vieira. Um retrato emocionante dos dramas, alegrias, excessos, loucuras e angustias de um grupo de jovens de João Pessoa nos finais da década de  1970.

Trazer para o palco novamente Severino Marcos de Miranda Tavares: A  noite de Matias Flores Hoje a banda não sai;  O dia que deu  elefante.

E José Mota Victor com A cruz da Menina  e ainda o inédito nos palcos  Café Glória sobre os acontecimentos trágicos em torno da morte de João Pessoa.

Tenho saudades de Trupizupe , o raio da silibrina de Braulio Tavares, gostaria de rever no palco com a graça dos novos atores.  

De Tarcisio Pereira temos:  Nua  na igrejaO marido acorrentado( prefiro  o subtítulo crônica de um amor diabólico), História de um cabaré( também prefiro o titulo mais antigo: um dia serei suzana), As pelejas  de Camões, Os sete mares de Antonio, Ai que saudade me dá.

De José Bezerra Filho:  Lampiaço, o rei do cangão, e  Enquanto não arrebenta  a derradeira explosão.
 
De Alarico correia neto: Aa cara do povo do jeito que ela é , um belíssimo texto sobre a vida e obra de Paulo Pontes.

De Oscar Von Pfuhl:   Dom chicote mula manca e seu fiel companheiro Zé chupança.

De  Nodge Filgueiras:  O cemitério dos vivos, um documentário cruel sobre  os moradores de rua que habitam os cemitérios.

De José Afonso Lima: Itararé, a republica dos desvalidos, uma visão divertida de um dos bairros mais populosos de Teresina, Piauí, que é a cara de Mangabeira em João Pessoa, Paraíba.

Não poderia faltar o magnífico W. J. Solha com A Bátalha de ol contra o gígante ferr, releitura futurista  do cordel de Leandro Gomes de Barros A batalha de oliveira com ferrabrás.  E também de Solha Os gracos, ainda inédito nos palcos que está no seu livro A História universal da Angústia.  E mais:  A Verdadeira História de Jesus, A BagaceiraPapa-Rabo,

De Lourdes Ramalho: A feira  e Fogo fátuo, ambos clássicos.

De Ivo Bender:  Nove textos breves para teatro, que é um bom achado dramatúrgico que permite grande flexibilidade na hora de uma montagem.

De Eliezer Rolim filho: Drops do Halley, e os Anjos de Augusto, primorosa concepção da vida e obra do poeta do EU.

De Ariano Suassuna: O santo e a porca.

De Gil Vicente: O auto da Barca do Inferno.

Há um preconceito imenso com o teatro infantil, prefere-se não monta-lo seriamente como se fosse algo de ultima categoria, mas as crianças também são importantes e mereceriam que atores profissionais se dedicasse a elas, portanto se for o caso, não tenham medo das crianças. Nós já fomos crianças e adorávamos o bom teatro.

Indo para o teatro infantil, são estas as minhas primeiras sugestões:  O enigma de cid, de Guto Greco, belo sonho teatral sobre os doze trabalhos de hércules.  Pluft , o fantasminha,  não consigo deixar de sugeri-lo, eu amo este texto de Maria Clara Machado. De Lucia Benedetti : O casaco encantado, e Joãozinho anda para trás.  De Silvia  Ortoff: A viagem de um barquinho. De Tarcísio Pereira: A batalha da vírgula contra o ponto final. De Geraldo Jorge: Os meninos da minha rua e Ali ladrão e os quarenta babás.


 Encontrar um texto é uma tarefa  muito delicada, pois ele determina  a porta de entrada para o espetáculo, e ser fiel ao texto demanda uma cuidadosa disciplina, é como um casamento indissolúvel até a a obtenção do resultado final. 

1 comment:

Paulo Medeiros said...

Obrigado professor. Esta lista vou levar comigo e com certeza vai permanecer salva nos meus favoritos. E, assim, se abre mais um leque de possibilidades para esta montagem ou também para possíveis montagens futuras. Uma lista como esta só tem a acrescentar o nosso repertório de peças, de cultura e do saber.