Nesta semana que passou um aluno do bacharelado em teatro da
UFPB me pediu sugestões de textos para
montagem do espetáculo final de sua
turma.
- “E aí professor
alguma sugestão para montagem de minha turma, estamos procurando por algo que
caiba todo mundo”, ele disse.
É bonito ver a turma de teatro voltando-se para a
dramaturgia, para o trabalho arqueológico de garimpar algo que esteja de acordo
com aquilo que querem dizer ao mundo. O texto teatral é aquela semente
fundamental de onde sai o espetáculo, mas o teatro contemporâneo encontrou
muitos caminhos que ampliam o conceito de “texto dramático”.
Os alunos atores tem tido uma excelente e cuidadosa formação. Agora se aproxima o momento de mostrarem no palco que são capazes de serem atores para o cruel e
exigente público. É o momento da verdade para os novos atores e atrizes
formados pelo curso e uma grande responsabilidade para todos os que fazem o
corpo docente.
Voltando à pergunta inicial, tenho algumas respostas.
Claro que se pode começar o espetáculo a partir da
dramaturgia sugerida pelos seus próprios corpos, usando os caminhos da pesquisa
cênica estudadas nos livros: Bailarino,
pesquisador intérprete de Graziela Rodrigues; A arte
de ator de Luis Otávio Burnier; A arte de não interpretar como poesia corpórea
do ator de Renato Ferracine; A arte secreta do ator de Eugenio Barba;
Em busca de um teatro pobre de
Grotowski. Pode-se começar dos corpos
dilatados para adaptar Ulysses de James Joyce, por exemplo, para participar do Bloomsday
(16 de junho) do ano que vem.
Ao imaginar o palco surge em minha mente O despertar da primavera de Frank Wedekind,
que seria um belíssimo desafio.
O belo texto Bailei na curva de Julio Conte, que
contou em seu processo de construção com a improvisação dos atores entre eles a
professora do curso de teatro da UFPB, Lúcia
Serpa.
A lira dos vinte anos,de Paulo Cesar Coutinho.
Deixe estar de
Paulo vieira. Um retrato emocionante dos dramas, alegrias, excessos, loucuras e
angustias de um grupo de jovens de João Pessoa nos finais da década de 1970.
Trazer para o palco novamente Severino Marcos de Miranda Tavares:
A noite de Matias Flores Hoje a banda não sai; O dia que deu
elefante.
E José Mota Victor com A
cruz da Menina e ainda o inédito nos
palcos Café Glória sobre os acontecimentos trágicos em torno da morte de
João Pessoa.
Tenho saudades de Trupizupe
, o raio da silibrina de Braulio Tavares, gostaria de rever no palco com a
graça dos novos atores.
De Tarcisio Pereira temos: Nua na igreja,
O marido acorrentado(
prefiro o subtítulo crônica de um amor
diabólico), História de um cabaré( também prefiro o titulo mais antigo: um dia
serei suzana), As pelejas de Camões, Os sete mares de Antonio, Ai
que saudade me dá.
De José Bezerra Filho: Lampiaço,
o rei do cangão, e Enquanto não arrebenta a derradeira explosão.
De Alarico correia
neto: Aa cara do povo do jeito que ela é , um belíssimo texto sobre a vida
e obra de Paulo Pontes.
De Oscar Von Pfuhl: Dom
chicote mula manca e seu fiel companheiro Zé chupança.
De Nodge Filgueiras: O cemitério dos vivos, um documentário cruel
sobre os moradores de rua que habitam os
cemitérios.
De José Afonso Lima: Itararé,
a republica dos desvalidos, uma visão divertida de um dos bairros mais
populosos de Teresina, Piauí, que é a cara de Mangabeira em João Pessoa, Paraíba.
Não poderia faltar o magnífico W. J. Solha com A Bátalha de ol contra o gígante ferr, releitura
futurista do cordel de Leandro Gomes de
Barros A batalha de oliveira com
ferrabrás. E também de Solha Os gracos, ainda inédito nos palcos que está
no seu livro A História universal da Angústia. E mais:
A Verdadeira História de Jesus,
A Bagaceira, Papa-Rabo,
De Lourdes Ramalho: A
feira e Fogo fátuo, ambos clássicos.
De Ivo Bender: Nove
textos breves para teatro, que é um bom achado dramatúrgico que permite grande
flexibilidade na hora de uma montagem.
De Eliezer Rolim filho: Drops
do Halley, e os Anjos de Augusto,
primorosa concepção da vida e obra do poeta do EU.
De Ariano Suassuna: O
santo e a porca.
De Gil Vicente: O auto
da Barca do Inferno.
Há um preconceito imenso com o teatro infantil, prefere-se
não monta-lo seriamente como se fosse algo de ultima categoria, mas as crianças
também são importantes e mereceriam que atores profissionais se dedicasse a
elas, portanto se for o caso, não tenham medo das crianças. Nós já fomos crianças
e adorávamos o bom teatro.
Indo para o teatro infantil, são estas as minhas primeiras
sugestões: O enigma de cid, de Guto Greco, belo sonho teatral sobre os doze
trabalhos de hércules. Pluft , o
fantasminha, não consigo deixar de
sugeri-lo, eu amo este texto de Maria Clara Machado. De Lucia Benedetti : O casaco encantado, e Joãozinho anda para trás. De Silvia Ortoff: A
viagem de um barquinho. De Tarcísio Pereira: A batalha da vírgula contra o ponto final. De Geraldo Jorge: Os meninos da minha rua e Ali ladrão e os quarenta babás.
Encontrar um texto é
uma tarefa muito delicada, pois ele determina a porta de entrada para o espetáculo, e ser fiel
ao texto demanda uma cuidadosa disciplina, é como um casamento indissolúvel até
a a obtenção do resultado final.
1 comment:
Obrigado professor. Esta lista vou levar comigo e com certeza vai permanecer salva nos meus favoritos. E, assim, se abre mais um leque de possibilidades para esta montagem ou também para possíveis montagens futuras. Uma lista como esta só tem a acrescentar o nosso repertório de peças, de cultura e do saber.
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