QUEM TEM BOCA É PARA GRITAR
Hoje, 13 de junho de 2009, o grupo de teatro Quem tem boca é para gritar festejou a abertura das atividades da Usina de Artes, que é a sua sede, local de ensaios e de futuras apresentações ao público. A usina fica localizada na Ladeira do Largo de São Pedro Gonçalves no Centro Histórico da cidade de João Pessoa. O convite dizia " venha ver um por do sol com a gente" e de fato o lugar é abençoado com uma magnífica visão do rio Sanhanhuá; uma das paredes internas é o paredão restaurado da primeira fortaleza que defendeu a cidade de Nossa senhora das Neves em fins do século XVI; vizinho ao Hotel Globo que abriga o Consulado Espanhol e ao Instituto dos Arquitetos do Brasil.
A festa do Quem tem boca é para gritar resgatou a memória de todos os que ao longo dos anos construiram este grupo, principalmente a garra de seu diretor Humberto Lopes, que soube viver todas as tempestades pelas quais passam os grupos e manter um fio de ligação que permitiu a permanência deste trabalho de pesquisa teatral. Lembramos também da figura de um dos grandes atores do grupo, Val, que já passou para os palcos da eternidade e que Humberto me confidenciou que era um dos poucos que compreendiam bem as propostas de investigação teatral. Observando a presença de uma das fundadoras, a bela atriz Chalena Barros, o tempo pareceu dar uma volta enquanto sol descia para o horizonte e tive a sensação de que todos estavam ali presentes.
O Quem tem boca é para gritar conta com atrizes da novíssima geração: Myrthia e Cecília Lauritzen, alunas do Curso de Teatro da UFPB, dentre outros. O grupo sempre teve uma política de abertura de estágios para atores novatos, proporcionando-lhes treinamento e inserção nos espetáculos. O novo espaço consolida esta opção pela formação, ajudando e complementando o processo educativo universitário, já que muito do teatro somente é possível aprender na convivência com grupos estruturados.
Enquanto o forró, conduzido pelo próprio grupo, com Humberto ao Zabumba, era servido uma favada monumental, compartilhada por amigos, pais de atores, artistas do grupo, dentre estes: a atriz Itamira Barbosa, uma das baluartes do grupo, com o seu filhinho de dois meses, anunciando com este mais uma geração de pessoas que amarão a arte do teatro.
O Quem tem boca é para gritar possui um curriculo extenso e figura na lista dos mais importantes dos que fazem teatro de grupo no Brasil. Na minha opinião, entre os espetáculos marcantes deles houve o 4 na Lona, que reverenciava a arte do circo e marcou o fim de um período; depois o espetáculo Se tiver achando ruim saia, com texto de Altimar Pimentel, baseado na obra O Inspetor Geral de Gogol, no qual eles construiram uma pesadíssima estrutura de palco para um inteligente jogo metalinguistico acerca do espetaculo e seus contornos.
O Quem tem boca é para gritar anuncia para breve a estrèia de seu novo espetáculo de teatro de rua e disponibilizará a Usina de Artes para todos os grupos da cidade de João Pessoa, que necessitem de um lugar para ensaiar, fazer estudos e também fazer pequenas temporadas.
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