Monday, May 18, 2009

CAMINHOS DO TEATRO NA PARAIBA

Dentro das atividades da semana de recepção de calouros promovido pelo Centro Acadêmico promovido pelo curso de teatro foi feita o lançamento do livro do pesquisador Romualdo Palhano, Entre terra e mar, sociogênese e caminhos do teatro na paraíba, 1822-1905.
A biblioteca historiográfica do teatro paraibano ainda é deficitária. Há muitas pesquisas não publicadas e vários artigos em jornais e revistas. Temos obras importantes como o opúsculo de Walfredo Rodrigues, Só a saudade Perdura, que são reminiscências memorialistas; o livro de Fátima Araujo sobre a História do Teatro Santa Roza; Teatros da Paraíba, de Balila Palmeira; 40 anos de Teatro, de Ednaldo do Egypto, que é um album iconográfico; A história do teatro paraibano de augusto Magalhães e Paulo Pontes,a arte das coisa sabidas, de Paulo Vieira.

O livro de Romualdo é o resultado de seu doutorado em teatro feito entre Havana, Cuba, e a UNIRIO, Rio de Janeiro, Brasil. Apresenta fatos novos sobre o teatro paraibano, sobre a construção das primeiras casas de espetáculos e também sobre o importante eixo econômico do século XIX que girava em torno das cidades de Mamanguape e Areia, encerrando-se somente após a decadência, quando a malha ferroviária do estado deixou estas cidades de fora. Um levantamento magistral, com fotografias, reconstituições de fachadas baseadas em depoimentos ou documentos jornalísticos, plantas arquitetônicas originais e um mapeamento inédito das fontes primárias de pesquisa, que permitirá a outros pesquisadores avançarem através desta trilha.

Um fato curioso é que o atual prédio do Comando Geral da Polícia Militar, foi concebido originalmente para ser um teatro, semelhante a arquitetura do Teatro santa Isabel do Recife. Façam uma visita ao prédio e percebam que o hall de entrada lembra aquela casa de espetáculos. A escadaria central, que daria acesso aos camarotes e os acessos laterais para a platéia evocam o hall de um teatro. Conta o pesquisador que o governo da época resolveu transferir o Tesouro provincial para o prédio em construção.

Na rua da Areia em João Pessoa, ainda existe as paredes externas do antigo Teatro das Princesas, hoje abrigando as oficinas de uma gráfica. Este Teatro foi objeto de um artigo numa Revista de teatro chamada Vôo Livre, editada pela Funesc, sob a responsabilidade de Roberto Cartaxo no início da década de 90. Romualdo reconstrói a fachada original daquela casa de espetáculos bem como de outras que existiram em João pessoa no século XIX.

É um livro imprescindível para os estudiosos das artes cênicas brasileiras. O livro nos deixa aquele amargo sabor de que os governos ao longo do tempo, com raras exceções, encaram o teatro quase como um inimigo público, pois desarvegonhadamente avançam contra as edificações modificando-lhes o entorno, caso do Teatro Minerva da cidade de Areia, cujo jardim foi destruído para dar lugar a uma casa comercial; ou o Teatro Santa Cecília de Mamanguape, que foi transformado em escola municipal.

Romualdo também deve lançar ainda este ano um outro livro sobre o Grupo de Teatro Experimental de Cabedelo e as atividades desenvolvidas pelo dramaturgo e folclorista Altimar Pimentel, registrando também a construção do Teatro Santa Catarina.

No comments: