Friday, April 17, 2009

SONHO DE VOAR

Abrimos as asas de nossa imaginação e fomos a todos os lugares que a nossa mente desejou ir. Sonhamos com as asas dos anjos desde os tempos mais remotos. Encanta-nos o vôo dos pássaros que singram os céus acima das nuvens. Construímos aeronaves que nos elevam do chão levando-nos de um continente a outro e rompemos a estratosfera para viajar pelo espaço sideral. Ainda assim continuamos a sonhar em sustentarmo-nos no ar com o nosso próprio corpo. Abrimos os nossos braços como se fossem criar penas e fechando os olhos nos lançamos na imensidão azul. Assim, é que todo o público presente a estréia do espetáculo circense “ Sonho de Voar” se sentiu na última quinta-feira, no Teatro de Arena da Fundação Espaço Cultural.

A Trupe Arlequim de Circo-Teatro estréia com o pé direito as suas atividades com este espetáculo sublime, a rigor um número de técnica aérea com um equipamento chamado “tecido”, que são duas longas tiras de um pano resistente, na qual o acrobata ergue-se com a força dos braços e constrói figuras no espaço, fazendo laços e produzindo formas que muito lembram as asas de um pássaro. É um dos números tradicionais dos circos que produz na platéia, não aquele frio na barriga do trapézio ou do equilibrismo no arame, mas uma sensação de elevação.

“Sonho de Voar” evoca o desejo da criatura humana de sair do solo. É um roteiro simples retratando as tentativas e fracassos até o momento em que num supremo esforço a matéria densa vence a gravidade; ele é um resultado de um projeto contemplado pela Bolsa Funarte de Incentivo a criação ou Aperfeiçoamento de números circenses. A performance de Diocélio Barbosa é magistral, ele que bebeu na fonte tradicional do circo brasileiro, através de seus primeiros estudos com a tradicional família de circo de Djalma Buranhem, no circo-escola Pirilampo, que era mantido pelo poder público estadual; também fez estudos com o Teatro de Anônimos do Rio de Janeiro, fez especialização em números aéreos na escola Nacional de Circo e na Fundição Progresso. Diocélio, que também é um dos articuladores do Fórum Paraibano de Circo, foi um dos criadores da Cia Lua crescente com vários espetáculos premiados em festivais e também do Núcleo de Pesquisa Circence com equipamentos aéreos e acrobáticos.

Alguns pequenos problemas de iluminação, como os dois refletores de 1000 watts voltados para os olhos da platéia, que deixaram os nossos olhos doendo, ainda assim não prejudicaram a beleza do espetáculo, mas seria de bom alvitre que este não fosse um recurso definitivo do plano de luz. Compreende-se que isto foi devido a precariedade extrema e ao abandono que vivem os equipamentos culturais do estado da Paraiba.

Pela força dos seus integrantes, tal como Naná Viana, outro grande nome de nossas artes circenses e teatrais, esta nova companhia, mostra através do metafórico “Sonho de Voar”, que pretende ir muito mais além e fazendo diferente de Ícaro, a figura mitológica da Grécia que queria voar para o sol com asas de cera, eles tem os pés no chão e sabem administrar os seus limites.

A Trupe Arlequim de Circo-teatro promete ainda para este ano outro espetáculo, que deverá ter a direção do criativo Diretor Marcos Pinto.

1 comment:

DIOCELIO BARBOSA said...

AGRADEÇO DE CORAÇÃO AS PALAVRAS DITAS E FUDAMENTADAS, POIS SÃO POUCAS AS PESSOAS NA PARAÍBA A CONSTRUIR CRÍTICAS EMBASADAS. TODAS AS PALAVRAS FORAM ABSORVIDAS PARA NO MOMENTO DE VOLTARMOS PARA A SALA DE CRIAÇÃO PESARMOS E REPENSARMOS. O ARLEQUIN E O SONHO DE VOAR GRADECE. BOM VÔO.