Monday, January 06, 2025

BIANCA DE NEVE

 O espetáculo Bianca de Neve que apresentou-se no Teatro Pedra do Reino no último dia 27 de outubro de 2024 surpreendeu o público com a sua consistência e profissionalismo, mas isso não deveria ser motivo de espanto porque é o que se espera de um espetáculo que se oferece ao público em um teatro de grande porte - O teatro Pedra do Reino, localizado no Centro de Convenções, tem 3 mil lugares - o evento também teve venda antecipada de ingressos através de sítios especializados pela internet e uma campanha pelas redes sociais e cartazes de divulgação espalhados pela cidade de João Pessoa. 

A admiração era devido ao fato de que esse espetáculo de grande porte era o produto de um trabalho realizado pelos alunos e alunas do Departamento de Artes Cênicas sob a liderança do estudante João D’Xaviêr, enfrentando as condições precárias da universidade. Sabia-se que era um trabalho que estava sendo realizado pelos estudantes de teatro e dança da UFPB, portanto um “trabalho de estudantes”, e nisso já havia uma carga de preconceito; era um trabalho que já vinha sendo montado aos pedaços e apresentado aos finais de cada período letivo durante uma Semana Cênica que mostrava o resultado de todas as disciplinas práticas dos cursos de teatro e dança. Bianca de Neve caminhava um pouco a cada semestre, à margem, mostrando sempre algumas cenas que foram se aglutinar no final.

A comunidade acadêmica do Departamento de Artes Cênicas já havia se acostumado a ver os ensaios constantes e disciplinados, ora em salas, ora nos corredores, ora no pátio frontal ou no estacionamento sempre sob a direção atenta e firme de João D’Xaviêr. Eles faziam os ensaios nos intervalos entre as aulas ou em horários vagos. Somente quando foi se aproximando da estreia é que passaram a pedir aos professores que liberassem mais cedo alguns estudantes que participavam do elenco.

Por volta do mês de Agosto, eles começaram a divulgar os cartazes, tanto em publicações na internet , como afixados nas paredes, e iniciaram a venda de ingressos sendo que cada participante tinha uma cota mínima de vendas para assegurar o pagamento das despesas da estreia. Os membros do Departamento de Artes Cênicas, funcionários, estudantes e professores, assistiram a chegada das grandes estruturas modulares que comporiam o cenário, e que eram manipuladas nos ensaios no pátio frontal.

O projeto de encenação de Bianca de Neve começou com a chegada de João D’Xaviêr ao curso de teatro. Lembro do calhamaço de texto que ele nos mostrava dizendo que iria encená-lo. Parecia o sonho gigantesco de um jovem que queria fazer um musical teatral. Diante das imensas precariedades de nossa escola de teatro, aquilo parecia um arroubo juvenil, e nisso nós que fazemos teatro somos pródigos, em sonhos de montagens teatrais, que acreditamos serem possíveis de realizar. O que nos alimenta são os nossos sonhos.

João D’Xaviêr revelou-se desde o princípio uma liderança artística, pois os seus colegas passaram a confiar integralmente em seu projeto. Foi com grande coragem que ele iniciou o caminho de Bianca de Neve. A princípio o título nos remetia ao conto de fadas na versão popularizada pela Disney, algo que seria destinado a um público infantil, mas quando se viu os primeiros resultados que foram apresentados em uma Semana Cênica Departamental, viu-se que Bianca de Neve tomava a direção de uma densa crítica social. Bianca de Neve recuperava o clima sombrio do antigo conto que fora recolhido pelos Irmãos Grimm no século XIX.

João D’Xaviêr transpôs o conto para o século XXI em um contexto de prostituição, homofobia e hipocrisia social. O espetáculo fez jus ao teatro musical apresentando uma excelente infraestrutura de iluminação cênica e sonorização, valorizando a cenografia que se metamorfoseava nos vários ambientes onde a estória ocorria. A transição cenográfica foi executada por uma equipe que agia com precisão, enquanto os atores e atrizes cantavam, dançavam, e interpretavam os seus papeis com dedicação e esmero. Bianca de Neve foi um dos grandes acontecimentos artísticos na história do Departamento de Artes Cênicas porque venceu todas as barreiras, e integrou vários períodos da grade curricular envolvendo teatro e dança.

A Ficha Técnica do espetáculo é a seguinte. Direção e Roteiro: João D’Xaviêr. Produção: Grupo Teatral Cerne. 

No elenco: Fernanda Bomfim é Bianca; Adan Iury é Márcio; Vikctor Costa é Arthur; Henrique Sodré é Sávio; Márcio Emanuel é Felix; Erick Chaves é Dante; Clarice Balduino é Gretta; Kayan Lisboa é Zaqueu; Letícia Saad é Priscila; Lilyane D'Amore é Marri; Maria Ayeyxad é Megan; Priscila Farias é Michelle; Victória Kallyne é Ana; Alberto Lima é Luanne; Gisely é Lorna; Cael Lima é Dênis; Carla Duarte é Ana ;Triz Martins é do corpo de baile; Pedro Bávi é do corpo de baile; Luh Santos é do corpo de baile.

Produção/Staff: Sthefany Gomes; Clara Cavalcanti; Mateus Coelho; Lavínia Lima; Dericky Azevedo; Diogo Gomes; Vinicius Alveira; Juno Anjos; Eduardo Duarte; Emilly Ruana; Zefim do mundo; Victor Couto.

Produção Musical: Gabriel Mendonça e Chris Mauricio. Preparação Vocal: Liriel Costa e Maria Alice.














 



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