O teatro é um dos poucos lugares onde se pode ver
genuinamente o poder de atualização da imaginação humana, quando novas gerações
se reencontram em torno de estórias que já pertencem ao espírito coletivo.
O teatro antigo festejava os mitos e os grandes personagens
atávicos e suas grandes histórias, mas
hoje, o nosso mundo mítico tem outras
fontes que na reminiscência cinematográfica, que compõem este mundo de deuses e
suas estórias longínquas.
Podemos observar que
o teatro vai buscar também nestas novas fontes motivos pra a realização do
espetáculo reunindo um grande publico
para esta celebração de identidade com o tempo em que vivemos.
Estas novas fontes
vem principalmente do cinema e da televisão. Assim, vemos que filmes antigos, tornou-se mais que filmes,
transformaram-se em lugares arquetípicos. É o caso da estória do Mágico de Oz, escrita
pelo norte-americano L. Frank Baum, lançada em maio de 1900, vendeu milhares de
cópias em sua primeira edição e continua
até hoje a encantar as pessoas.
Esta estória foi filmada em em 1939, sob a direção de Victor
Fleming, tendo no papel da garotinha Dorothy aatriz Judy Garland. Este filme deixou a mais
duradoura marca nas mentes das pessoas.. Aquelas imagens e músicas
marcaram a civilização para sempre.
Vemos então no Teatro Ednaldo do Egypto uma releitura da estória de Mágico de Oz feita
pela Cia duas caras de Teatro. O adaptador e diretor do espetáculo faz a
releitura do filme e da historia de L. Frank Baum adequando-a ao palco e a um púbico
de pequerruchos. Nesta adaptação para o teatro foi feita uma interessante releitura das musicas e canções
do filme sob a direção musical sempre competente de Ysa y Plá com a participação do Trio Los Y Plás.
Uma das coisas interessantes nesta montagem teatral é a
participação de um cachorrinho poodle, que participa obedientemente de todas as cenas
encantando as crianças. A adaptação
trabalha com simplicidade a luta da bruxa boa contra a bruxa má. A participação das crianças em apoio das personagens preferidas acontece
de forma integrada sem apelações tolas.
A atriz que interpreta Dorothy , Alexandra Oliveira, conduz
bem a sua personagem e ganha a admiração dos pequenos que passam a gritar pelo
seu nome vez ou outra durante o espetáculo. O Espantalho interpretado por Romildo
Rodrigues, cativa a criançada ,
juntamente com o homem de lata(Romilson Rodrigues) e também o leão(Miguel
Santos). A tia e a bruxa malvada interpretada pela experiente Beka Gomes, o tio
e o Mágico de Oz pelo ator Max Ryan. A
fada Glinda interpretada pela bela atriz
Estefane Dantas encanta os pequenos que torcem pela sua chegada salvadora.
O espetáculo é muito competente tanto na produção de
figurinos, como na cenografia simples e eficiente. O espetáculo tem um ritmo frenético
mantendo todos muito atentos. É raro ver crianças pequenas atentas a um espetáculo
do começo ao fim, coisa que esta montagem de o Mágico de Oz consegue. Para um
teatro lotado vimos uma reação positiva
das crianças ao espetáculo, alguns provavelmente indo pela primeira vez para
uma casa de espetáculos.
É interessante esta apropriação de temas do cinema, apesar
da estória ser originalmente de um livro. Nesta montagem teatral a principal referencia
foi o filme. Muitas pessoas não têm noticia deste filme, pois ele não costuma
estar disponível com facilidade. Então
muitas pessoas irão atrás do filme após ver o espetáculo Muitos irão entrar
numa loja de departamentos e descobrirem o DVD do filme. O cinema é falho com
relação a isto, este poder de voltar a reunir as pessoas na sala escura de
exibição para rever os filmes clássicos. Depois da temporada normal um filme é
condenado a ficar guardado e somente ser visto na televisão, no DVD ou atualmente também na internet. Então o
teatro com o seu poder de evocação traz isto de volta os filmes para a grande
sala onde um grande grupo compartilha da mesma estória.
Na montagem de O mágico de Oz da Cara Dupla Cia de Teatro vemos um trabalho competente de direção(Romildo
Rodrigues), o uso muito inteligente do apoio musical das canções que tocam em
playback, e o uso muito interessante da expressão corporal durante todo o
espetáculo. Eles usam deliberadamente
uma técnica que pertence aos shows de dublagem que é a amplificação da voz
através do gestual. Isto dá ao espetáculo um ritmo visual inusitado.
A Cara Dupla Cia de Teatro já anuncia que vai trazer para os palcos um personagem
conhecido de toda a meninada que é o Scooby-doo. Algumas pessoas acham estranho
isto, mas o teatro atualiza nos palcos o
imaginário social e está completamente correto ao fazer isto. Quando eles
anunciaram o Scooby-ddo, escutei uma criança que estava à minha frente dizer à sua mãe que queria vir
ver.
É preciso entender que a nossa sociedade está se
transformando numa velocidade muito grande e que as fontes da dramaturgia estão recebendo também a participação de
outras mananciais que não somente o do texto dramático tradicional.
Cartaz do espetáculo
Cena com o Homem de Lata (Romilson Rodrigues), o espantalho( Romildo Rodrigues), Leão(Miguel Santos) e Dorothy(Alexandra Oliveira) e o cachorrinho Totó.
O diretor e ator Romildo Rodrigues.
As atrizes Estefane Dantas e Alexandra Oliveira com jovens espectadores.
1 comment:
Valeuuuuuuuuuuuuu Viva O Teatro...de todas as formas de expressão.
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