Thursday, June 03, 2010

O JEQUITIBÁ HÉRCULES

O JEQUITIBÁ HÉRCULES FÉLIX

Encontrei com o velho amigo, o educador Hèrcules Félix, preocupado com a vida e com as injustiças que alguns insensatos, em nome do sucesso pessoal, cometem contra os bons e antigos combatentes da educação popular. Contou-me Hércules que foi colocado em uma situação extremamente delicada  do ponto vista financeiro pela atual diretoria da Escola Piollin, que manobrou de forma desleal para retirar-lhe um contrato de professor comissionado da Prefeitura de João Pessoa, recurso indispensável ao seu orçamento familiar.
Hércules Félix é um daqueles jequitibás de que fala o filosófo Ruben Alves. Ele está na Escola Piollin desde o início da década de 80. É uma árvore frondosa sob cuja sombra frutificaram e resistiram os projetos de educação popular daquela escola. Lembro-me que eu levava os meus alunos de Prática de Ensino de Artes Cênicas da UFPB para conviverem com o trabalho desenvolvido por Hércules. Levávamos os alunos para a comunidade e visitávamos, acompanhados por ele, cada casa, de cada menino e interagíamos com aquele ambiente paupérrimo de condições materiais, mas pleno de esperança na humanidade. Por coincidência, uma ex-aluna encontrou-me dias atrás e comentou de nossa experiência de estágio ao lado do “Professor Hércules”.
O professor Hércules costumava citar em nossos debates o educador soviético Anton Makarenko, para justificar que o que estava acontecendo com aquela população periférica de João Pessoa era semelhante ao que tinha acontecido com a juventude russa da época da revolução socialista e que qualquer projeto educacional deveria levar em conta aquelas condições brutais de existência. Hércules é um educador de posições firmes que alfabetiza e educa usando o teatro. Ví e documentei vários destes processos, que dariam uma tese de doutorado para os especialistas da área. O professor Hércules trabalhava, às vezes, em condições extremamente precárias e nunca condicionou a sua relação com aquelas crianças em situação de risco a aprovação de projetos, como hoje fazem os diretores- eucaliptos da Escola Piollin, lembrando mais uma vez o filósofo Ruben Alves.
O professor Hércules merece respeito da escola Piollin, pois quando todos, em meados dos anos 1980,  se mandaram pelo mundo para fazerem as suas vidas, ele ficou na Escola sustentando o dia-a-dia. E agora, virou a peça descartável na mão dos eucaliptos. Sei que vão me perguntar esses nomes. Não vou me dar a esse trabalho, pois basta que se pergunte quem são os eucaliptos que atualmente governam os destinos daquele lugar que já foi o emblema de um grande sonho.
Hércules Félix, o nosso educador socialista, foi colocado á margem, justo numa hora que a cidade de João Pessoa vive um governo socialista. Foi perseguido não pelo edil, mas pela burocracia sem nome, que atende aos interesses dos melhores lobistas-eucaliptos. Um fato deste natureza não irá ser esquecido pelas gerações que passaram pela mão daquele educador. Façam uma enquete rápida, perguntem quem é Hércules Félix? As pedras daquela escola piollin irão gritar.
Seria pedir demais numa época em que reinam o cinismo e a indiferença, que surgisse alguma autoridade  que pudesse corrigir esta injustiça, pois a “grana” que retiraram do velho professor vai fazer falta a ele, que dedicou a sua vida ao trabalho com educação popular. Os eucaliptos são árvores passageiras, vão passar, mas o mal que fizeram ao jequitibá irá ficar em nossa memória.

1 comment:

Anonymous said...

Sobre o jequitibá Hercules Félix.

Indubitavelmente o Mestre Félix vai fazer uma imensa falta àqueles que são frutos de suas obras; um ser simples e sábio.Educar pessoas é um talento nato desta figura.Digo educar na sua totalidade - fazer o individuo pensar e ser autônomo.Infelizmente são poucos os que estão interessados no desenvolvimento social.São muitos atrás da verba do governo.Concordo com o autor do blog e acrescento: o cinismo é mascara dos artista mercenários.Fui aluno do professor Hercules e agradeço a sua existência por ter sido um guia espiritual em meio as trevas da desigualdade social.A escola piollin era um sonho que tornou-se pesadelo mentiroso.Tudo isso graça a uma lava de artistas medíocres e mercenários.